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Gema 307

Mobilidade Urbana - Mais do que ir e vir

quarta, 28 de junho de 2023

A mobilidade urbana é um direito constitucional e está diretamente relacionada à qualidade de vida da população, sendo um dos grandes desafios para as gestões municipais.

A expressão Mobilidade Urbana diz respeito às condições oferecidas pela cidade para facilitar o deslocamento de pessoas e bens, com o objetivo de desenvolver as relações sociais e as atividades econômicas. Agregando o termo “sustentável” à essa expressão, garantimos também mais qualidade ambiental nas cidades, incentivando a mobilidade ativa e a redução da emissão de gases de efeito estufa, o que vem sendo praticado em várias cidades do mundo.

 

Ao longo do século XX, o automóvel ganhou cada vez mais destaque, e foi dominando o espaço urbano, concentrando investimentos em obras viárias e afetando a qualidade de vida das pessoas. Todavia, a maior parte da população se desloca pelas cidades usando o transporte público ou de bicicleta e, todos nós somos pedestres em algum momento de nossos trajetos diários. Sendo assim, mais importante do que obras faraônicas, como a construção de avenidas e  viadutos, é necessário que os municípios invistam em projetos simples, mas eficientes, como a construção ou reforma de calçadas, a construção de ciclovias e a instalação de pontos de ônibus confortáveis.

 

Nos últimos anos, porém, temos visto uma mudança significativa nas formas de deslocamento e, em todo o mundo têm-se investido na mobilidade ativa como garantia do acesso pleno à cidade, de forma mais sustentável e equitativa. A mobilidade ativa é aquela que não é motorizada, que usa os meios físicos do ser humano para a locomoção. Os meios mais conhecidos são a caminhada e a bicicleta, mas patins, skates e patinetes também fazem parte da mobilidade ativa. Esse tipo de deslocamento exige uma cidade mais amigável às pessoas, com calçadas niveladas e sem obstáculos, com iluminação e arborização adequadas, com ciclovias ou ciclofaixas bem sinalizadas, com redução da velocidade dos automóveis nas ruas, entre outras medidas.

 

Um dos melhores conceitos desenvolvidos recentemente no Brasil para o incentivo à mobilidade ativa é o de Ruas Completas. Desenvolvido pelo WRI Brasil, uma instituição global de pesquisa na área de meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano, ele tem como princípio distribuir o espaço público de maneira mais democrática, beneficiando todos. As intervenções de “Ruas Completas” são projetadas para dar segurança e conforto às pessoas, de todas as idades e usuários de todos os modos de transporte. Não existe um projeto padrão de Ruas Completas, pois cada intervenção deve atender ao contexto e às necessidades locais. 

 

Uma técnica que tem sido usada para testar as propostas, não só no Brasil, mas em várias cidades pelo mundo, é o Urbanismo Tático. Uma alternativa simples e barata, mas de grande eficiência, que consiste em intervenções temporárias, rápidas e de baixo custo, de readequação do espaço viário e valorização dos espaços para pedestres. Pinturas no chão, instalação de parklets e colocação de jardineiras são algumas dessas intervenções que ajudam a ressignificar o espaço urbano em grandes cidades.

 

Atualmente, encontram-se em desenvolvimento em algumas cidades, os Planos de Mobilidade Urbana locais. Para além de cumprir a exigência da Lei Federal no 12.587/2012, a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que visa ao acesso universal à cidade, deve existir o comprometimento dos gestores públicos com a construção e a efetivação de propostas que garantam o direito de ir e vir a todos os cidadãos, como forma de apropriação da cidade e de melhoria da qualidade de vida, compreendendo a mobilidade urbana como um instrumento de sustentabilidade e desenvolvimento.

 

Fabiana Loiola

Arquiteta e Urbanista